MUNDO PERDE DESMOND TUTU, SÍMBOLO DA LUTA CONTRA O APARTHEID NA ÁFRICA DO SUL.
No Calvário do povo, Deus sempre providencia homens e mulheres que atuem de forma oblativa e destemida, como profetas e “Simões cireneus”. Chora hoje não só a África do Sul como choram os povos africanos, choram os pobres e injustiçados do mundo inteiro. No sofrimento do povo sul-africano, Deus providencia lideranças tão marcantes como Nelson Mandela e Desmond Tutu.
Internado desde o início do mês de dezembro num hospital da cidade do Cabo para tratar de problemas de uma infecção, Desmond Tutu cumpre sua missão nessa terra e na data de hoje – 26 de dezembro de 2021 – aos noventa anos, retorna à casa do Pai para ouvir as doces Palavras: “Servo Bom e Fiel entra na alegria do teu Senhor” (Mateus 25, 21).
Depois da morte de Nelson Mandela, a morte do bispo da igreja anglicana Desmond Tutu provoca comoção nacional entre os Sul-africanos e repercussão internacional: “A morte do arcebispo emérito Desmond Tutu é outro episódio de luto nacional na despedida de uma geração de sul-africanos proeminentes que nos legaram uma África do Sul libertada”, afirmou o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.
Internacionalmente conhecido por sua liderança religiosa, seu caráter ilibado e por sua luta contra o Apartheid racial, encabeçando forte luta por justiça, por reconciliação e pelo fim do regime de segregação racial imposta pelo governo e pela sociedade racista e branca que dominava seu país.
Essa luta o levou a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, em 1984.
Nascido em Klerksdorp (África do Sul) no dia sete de outubro de 1931, aos doze anos mudou com sua família para Johannesburgo tornando-se, mais tarde, professor. Seu grande sonho era ser médico, mas foi impedido de realizá-los por sua condição financeira e sua origem de menino negro e pobre num país governado por brancos, ricos e segregacionistas.
Em 1976 explodiram diversos motins e revoltas populares de Soweto que geraram caos generalizado na África do Sul. Dois anos depois, em 1978, Desmond Tutu foi persuadido a assumir o espinhoso cargo de secretário-geral do Conselho de Igrejas da África do Sul. Sabia de seu desafio e dos riscos que corria. Intimidado e ameaçado tantas vezes, manteve-se firme e empreendeu vigorosa luta para dar visibilidade ao mundo sobre a situação do Apartheid, das injustiças e das sangrentas revoltas do Soweto.
Soube, como ninguém, conciliar denúncia e reconciliação, superar a discriminação e segregação raciais com a pacificação dos povos e, acima de tudo, soube exercer com maestria seu ministério religioso comprometido com a paz, com a igualdade e com a superação de toda forma de violência. Sempre o fazendo com irretocável e fino senso de humor e alegria.
No governo de Nelson Mandela, em 1995, foi nomeado presidente da Comissão para a Verdade e Reconciliação, um organismo estatal criado para investigar violações dos direitos humanos no período do regime segregacionista do apartheid.
Espírito combativo e conciliador, Desmond Tutu sempre repetia que “sem perdão não há futuro para o relacionamento entre indivíduos nem entre nações”. O ex-presidente americano Barack Obama reagiu à partida de Desmond Tutu ressaltando que o arcebispo falecido era “Um espírito universal, e estava enraizado na luta pela libertação e pela justiça em seu próprio país, mas também preocupado com a injustiça em toda parte”, disse o ex-presidente americano em um comunicado.
O mundo entristecido lamenta sua morte – Desmond Tutu -, mas se alegra e manifesta profunda gratidão a você e a Deus por sua Vida.
José Archângelo Depizzol
26/12/2021
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